Quando se pensa em contar a história da cocoicultura no Brasil, temos que retroceder quase quinhentos anos para lá buscar as primeiras informações sobre esta cultura, que se inicia na Bahia em 1553.
De lá para cá formou-se uma cadeia produtiva relevante, inclusiva, porém, desprovida de políticas de governo sérias, contando apenas com algumas iniciativas de baixo impacto. No entanto, alguns atores tiveram destaque e aqui vale a pena mencionar a EMBRAPA Tabuleiros Costeiros que ajudou a tecnificar a produção no Brasil. Hoje o Brasil possui a maior produtividade do mundo, embora seja apenas o quinto maior produtor global.
Nos últimos vinte anos, o primeiro elo da cadeia produtiva, o produtor rural, vem sofrendo bastante com a desigual competição internacional de países asiáticos, associado a uma agroindústria que atua com uma visão curta, dissociada do conceito de prosperidade de toda uma cadeia produtiva. Houve desmonte governamental, a serviço desta indústria, dos padrões de identidade de qualidade que permitiu a estas importarem produtos de baixíssima qualidade, reformulando os mesmos com outros ingredientes baratos e vendendo no Brasil como se fossem os produtos integrais derivados do coco. Como exemplos, pode-se mencionar o coco ralado, leite de coco e óleo de coco. Estes produtos, pasmem, não possuem padrão de identidade e qualidade. Um descaso para com o produtor e principalmente, para com o consumidor brasileiro. Neste contexto, até 2019, a água de coco tinha um padrão de identidade e qualidade que permitia adulterações inúmeras em relação à água de coco envasada.
Antes de 2019, o Ministério da Agricultura nunca tinha dado atenção alguma à cadeia produtiva do coco. Este cenário muda, sob a gestão da Ministra Tereza Cristina. Dotada de uma sensibilidade sem igual, a Ministra abre as portas do Ministério aos pleitos da APROCOCO BRASIL (Associação Nacional dos Produtores de Coco), instituição que representa os interesses de cerca de trinta mil propriedades no Brasil. O primeiro pleito atendido, dotado de muita coragem, foi o de mudar o padrão de identidade e qualidade para a água de coco, contrariando os interesses de multinacionais e alguns players nacionais que advogavam que, água de coco misturada com água potável ainda fosse considerada como “apenas água de coco”. A nova instrução normativa publicada pelo MAPA em janeiro de 2020 (IN No 09 de 30 janeiro de 2020), estabelece um padrão de altíssima qualidade, onde podemos dizer, o melhor do mundo. Isto mudou as relações comerciais entre produtores e indústria, pois, o fruto passou a ser mais valorizado, colocando assim, o Brasil em posição de relevância no mapa global de produção desta nobre bebida não alcoólica.
O segundo ponto em que a Ministra Tereza Cristina iniciou e agora deixa para ser concluído pelo novo Ministro da Agricultura, é a elegibilidade da cocoicultura solteira ao programa ABC do MAPA. Esta também será outra virada de página para a alavancagem da cocoicultura no Brasil.
É esperança dos cocoicultores do Brasil, que o novo Ministro, Marcos Montes mantenha as portas do MAPA abertas para as novas demandas e conclua o processo de elegibilidade da cocoicultura ao Programa ABC.
Para o Presidente da APROCOCO BRASIL, Reinaldo Ribeiro, os desafios do setor são muitos, inclusive o de recuperar cerca de 68 mil hectares de pomares que deixaram de existir nos últimos dez anos. Além disso, o objetivo da APROCOCO é colocar o Brasil como epicentro da produção de derivados de coco de qualidade, para poder competir no mercado global com diferenciação. Neste contexto, o MAPA continua sendo o mais importante órgão de governo para tornar estas metas uma realidade para a cultura mais inclusiva do país. Não poderia deixar de mencionar que o Congresso Nacional e a Presidência da República também terão uma participação especial neste futuro desejado se promulgarem, ainda este ano, o PL 10.788/18, do Deputado Evair de Melo (PP-ES), que institui a Política Nacional de Incentivo à Cocoicultura de Qualidade.
Para APROCOCO BRASIL, fica aqui registrado o mais profundo agradecimento à Ministra Tereza Cristina por sua contribuição à cocoicultura brasileira. Desejamos a ela muito êxitos em seus novos desafios.
Fonte: ASCOM Aprococo Brasil