Recentemente, uma visita aos perímetros e áreas irrigadas de Rodelas e Glória – municípios produtores de coco no Estado da Bahia – foi realizada pela APROCOCO com o intuito de avaliar a situação atual da produção de coco. O foco principal da inspeção foi verificar a recuperação da produção e observar a expansão ou retração das áreas de plantio. A seguir, é apresentada uma análise de cada uma das constatações verificadas durante a visita, incluindo os aspectos logísticos cruciais como a malha rodoviária e o custo do frete.
1. Recuperação de Pequenos e Médios Produtores: Nota-se uma tendência positiva entre os pequenos e médios produtores, que demonstram recuperação e conseguem manter a colheita em dia. Os preços de mercado do último verão contribuíram para retomada, ainda que modesta, dos tratos culturais recomendados.
2. Desafios dos Microprodutores: Os microprodutores, aqueles com lotes de até 5 hectares, continuam enfrentando dificuldades significativas, principalmente devido ao alto preço dos fertilizantes e agroquímicos. Esse fator impede a implementação adequada de todos os tratos culturais necessários, comprometendo a quantidade e de certa forma a qualidade da produção. É essencial que políticas de suporte, principalmente das Secretarias de Agricultura dos municípios visitados e do Governo do Estado da Bahia – aparentemente ausentes – sejam consideradas para amparar esses produtores, garantindo a sustentabilidade de suas operações. Crises constantes no repasse de verbas para a manutenção dos perímetros irrigados, tem sido uma constante ameaça à produção na região.
3. Expansão com Novos Plantios: São poucas as iniciativas para a abertura de novas áreas de plantio, no eixo visitado, ao contrário do que está sendo visto no Estado do Ceará que a cada dia se consolida como o maior produtor de coco do Brasil. Já visto em algumas propriedades plantios novos com áreas de manga e banana.
4. Renovação de Coqueirais Antigos: A renovação de coqueirais com árvores de mais de 15 metros de altura é uma prática importante para manter a viabilidade e produtividade das plantações. São poucas as propriedades com ações nesse sentido.
5. Impacto das Chuvas: A ocorrência de pequenas parcelas de chuvas na região tem sido benéfica para a recuperação da produção.
6. Estabilidade dos Preços ao Produtor no Inverno: A estabilidade dos preços, tanto para a indústria quanto para consumo direto na mesa, durante o inverno, é um indicativo de um mercado equilibrado. No entanto, é preciso estar atento às flutuações do mercado externo e interno para ajustar a produção conforme a demanda e evitar surpresas desagradáveis.
7. Condições da Malha Rodoviária e Custos de Frete: Um problema adicional observado na região é a condição precária da malha rodoviária, que afeta diretamente o custo e a eficiência do transporte de produtos. Parcela significativa das estradas da região estão em mau estado de conservação, o que eleva significativamente o custo de frete, impactando a competitividade dos produtores locais no mercado. Melhorias na infraestrutura rodoviária são urgentes para reduzir esses custos operacionais e facilitar o escoamento da produção.
Conclusão
As constatações da visita aos perímetros e áreas irrigadas de Rodelas e Glória revelam uma situação de recuperação modesta a produção e pouca expansão de novas áreas, que deve ser encarada com otimismo, mas também com cautela. Os desafios identificados requerem a implementação de políticas públicas específicas e investimentos em tecnologia e infraestrutura, que possam garantir a sustentabilidade e o crescimento do setor no longo prazo. A cooperação entre produtores, governos e instituições de pesquisa é fundamental para superar esses obstáculos e recuperar o potencial produtivo da região.