[Salvador-Ba, 25/05/2023]. O Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) realizou em 24/05/2023 uma importante reunião com representantes da APROCOCO BRASIL (Associação Nacional dos Produtores de Coco), com o objetivo de estabelecer padrões de identidade e qualidade para o coco ralado. Esta reunião contou ainda com a presença de representante da EMBRAPA Agroindústria de Alimentos. Essa iniciativa visa garantir a padronização desses produtos, que têm sido objeto de preocupação devido à falta de regulamentação e aos prejuízos causados tanto aos consumidores quanto aos produtores de coco.
Segundo o Presidente da APROCOCO BRASIL, Reinaldo Ribeiro, a ausência de parâmetros claros e precisos para o coco ralado tem levado a uma grande variabilidade na qualidade desses itens no mercado brasileiro. Isso resulta em uma experiência desigual para os consumidores, que muitas vezes não têm certeza sobre a procedência, o processamento e a composição desses produtos. Além disso, essa falta de padronização prejudica diretamente os produtores de coco e as indústrias que originam o fruto no Brasil, que enfrentam dificuldades na comercialização de seus produtos em um cenário de desequilíbrio de competição em comparação ao coco ralado importado, que chega ao Brasil em grandes volumes.
A maior fração deste produto é coco ralado desidratado já extraído o óleo ou o leite de coco, logo, de baixa qualidade nutricional e mesmo de sabor, e, portanto, muito mais barato. O coco ralado oriundo da Indonésia, maior exportador para Brasil, chega no Brasil ao valor médio (ano base 2022) de US$/kg 0,99 (R$/kg 4,90). Em 2022, o Brasil importou cerca de 5,9 milhões de quilos de coco ralado, somente da Indonésia. O total importado foi de 10,4 milhões de quilos. No contexto atual da falta de regulamentação, este coco ralado, não é passível de rastreabilidade. Igual, não se sabe se passou por processos de produção alinhados com as boas práticas de fabricação (BPF) que são exigidas das fábricas brasileiras para se adequarem às normas da ANVISA.
Coco ralado integral. Produto derivado do coco, bastante utilizado na culinária brasileira para o preparo de alimentos
Com o intuito de corrigir essa situação e fortalecer a cadeia produtiva do coco, o MAPA realizou essa reunião com representantes do setor produtivo. Durante o encontro, foram discutidos os principais desafios enfrentados, bem como as diretrizes para a criação de normas técnicas que estabeleçam os padrões de identidade e qualidade para o coco ralado. O processo será submetido a consulta pública, e terá apoio e suporte técnico da EMBRAPA Agroindústria de Alimentos. Para André Dutra, Chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Agroindústria de Alimentos, este é um importante passo para garantir um produto de qualidade para o consumidor brasileiro e, quiçá, ajude a alavancar exportações deste produto, com a pegada brasileira de preservação ambiental e legislação trabalhista rigorosa, para mercados internacionais de nicho, que valorizam estes aspectos socioambientais.
Essa iniciativa busca garantir que o consumidor tenha acesso a produtos de qualidade, seguros e confiáveis, permitindo que faça escolhas informadas ao adquirir coco ralado. Além disso, pretende-se assegurar aos produtores de coco e às indústrias locais que originam coco no Brasil, um mercado justo e equilibrado, no qual sua produção seja valorizada e reconhecida. Segundo, Hugo Caruso, Diretor do DIPOV/SDA, o MAPA está comprometido em promover ações que fortaleçam o setor agropecuário brasileiro, e essa reunião é mais um passo nessa direção. A partir desse diálogo com o setor produtivo do coco, o Ministério irá trabalhar na elaboração de normas técnicas, em conjunto com as partes interessadas, para a definição dos padrões de identidade e qualidade para o coco.
Para Ribeiro, o estabelecimento de um Padrão de Identidade e Qualidade para o Coco Ralado trará diversos benefícios para os consumidores e para setor, tais como:
- Padronização: Definir critérios claros e específicos que caracterizem o coco ralado, auxiliando na identificação e na distinção de produtos genuínos no mercado.
- Qualidade assegurada: Estabelecer requisitos técnicos e sanitários que garantam a qualidade do produto, assegurando aos consumidores um alimento seguro e confiável.
- Competitividade: Contribuir para o fortalecimento da cadeia produtiva do coco ralado, valorizando os produtores e possibilitando o acesso a mercados exigentes em termos de qualidade.
- Promoção da rastreabilidade: Estabelecer critérios de rastreabilidade para o coco ralado, permitindo o monitoramento da sua origem e facilitando a identificação de possíveis problemas sanitários.
- Harmonização: Alinhar as normas brasileiras às regulamentações internacionais relacionadas ao coco ralado, facilitando o comércio e a aceitação do produto em mercados externos, a exemplo das normas estabelecidas pelo APCC (Asian and Pacific Coconut Community).
Para Helena Rugeri, Coordenadora de Qualidade de Produtos Vegetais, o MAPA reitera a importância da colaboração entre os diversos segmentos envolvidos nesse processo e está aberto ao diálogo com os produtores, indústrias e associações, buscando construir soluções conjuntas que beneficiem a todos. O objetivo final é garantir a segurança alimentar e a satisfação dos consumidores, bem como o desenvolvimento sustentável do setor de coco no Brasil.
No futuro, outros produtos também serão regulamentados, tais como Leite de Coco e Óleo de Coco, que também não possuem Padrões de Identidade e Qualidade.
Fonte: Redação APROCOCO