A indústria da água de coco no Brasil ao longo dos anos vem ganhando destaque, com crescimento interno sustentado e até mesmo protagonizando aumento nas exportações pela qualidade inigualável. Por trás deste sucesso, há pessoas, e dentre estas, há alguns gigantes que lá atrás protagonizaram um pioneirismo que merecem entrar para a história da cocoicultura. Um destes gigantes foi o Eng. Mário Vital Domingues, que faleceu em 14 de agosto passado.

A redação da APROCOCO, entrevistou o engenheiro de alimentos, Fernando Abreu (EMBRAPA AGROINDUSTRIA TROPICAL), um ícone na indústria de processamento de água de coco no Brasil para saber um pouco mais sobre o Eng. Mário Vital.

O engenheiro, executivo e empresário Mario Vital Domingues, nascido em Recife há 65 anos, foi para o estado do Ceará anos atrás e mostrou seu valor naquela linda terra, atuando na área da cocoicultura como um ferrenho defensor dessa cultura e contribuindo fortemente para que o Ceará pudesse atingir o patamar que permitiu que esse setor se tornasse exemplo de uma cadeia produtiva que trabalha vários elos gerando desenvolvimento do campo ao comércio varejista.
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Se a cultura do coco é atualmente protagonista da exportação de frutas na região Nordeste, os trabalhos do Mario Vital foram decisivos e de uma importância crucial para o estágio em que a cultura se encontra. Mário tinha uma visão sistêmica da cadeia de valor da indústria da água de coco, assimilada na sua atuação como engenheiro de processos e operações industriais, desde seus primeiros trabalhos no complexo empresarial SOCOCO e se firmando como gestor agroindustrial da DUCOCO S.A. e empreendedor na DICOCO. Mario Vital, na sua inquietude pessoal e profissional, se tornou um ícone nesse ramo de atividade. Assim declara o Eng. Fernando Abreu: “Eu, como um engenheiro de alimentos, e tendo o coco como uma das ferramentas de aplicação dos meus conhecimentos em engenharia de processos industriais, me deparei ainda nos primeiros tempos de minha atuação profissional com esse inquieto engenheiro e que me serviu de exemplo profissional”.

Desde os primeiros contatos, em reuniões da ASTN para definição dos PIQ’s para produtos do coco perante a ANVISA e MAPA, em muitas discussões, o Mario Vital era um importante protagonista.

Abreu, continua o relato: “Em meados de 1997 iniciamos uma parceria profissional que muito me enriqueceu em conhecimentos sobre a cultura do coqueiro e seus processamentos em escala industrial. Em projetos com a Embrapa, nos reuníamos e discutíamos o que deveria nortear o processamento da água de coco. Projetos ousados de processamento da água de coco foram discutidos à exaustão tanto em visitas do Mario à Embrapa, como também nas minhas idas à DUCOCO. Nesse ponto queria aqui testemunhar a ousadia do Mario Vital como engenheiro de vislumbrar pela primeira vez o processamento UHT e embalagem Tetra Pak da água de coco verde. Um grande projeto proposto por ele à DUCOCO e discutimos ponto a ponto e fizemos os primeiros testes de validação dessa tecnologia em parceria com a Embrapa”.

Para Abreu, “foi um período fértil em discussões dos princípios da engenharia aplicadas ao processamento de um produto novo e sem parâmetros tecnológicos anteriores para nos dar embasamento. Mas deu tudo certo e hoje a tecnologia avançou e temos o que temos na cadeia produtiva do coco. Inúmeras feiras, encontros temáticos, debates em mesas redondas, várias versões da FENACOCO… enfim, o Mario Vital esteve presente em todos esses eventos sempre na figura de protagonista e profundo conhecedor do assunto. Foi um guia na minha vida profissional, do qual captei conhecimentos que a academia e uma formação ao nível de doutorado sozinha nunca me trariam. O chão de fábrica que o Mario Vital tinha e me passava como um professor e amigo, jamais eu teria sem sua ajuda”.

Vital e Abreu tornaram-se grandes amigos, e essa amizade durou de meados de 1992 até os dias de hoje, quando foram então separados para a fatalidade de um AVC que tirou de cena um dos principais atores desse setor da economia brasileira ligados à fruticultura.

Abreu destaca, “como músico que também sou, encontrei no Mario um profundo admirador e incentivador das artes e da boa música. O introduzi nesse mundo paralelo em que vivo, a música, e nesse ponto nossa amizade se fortaleceu. Mas nesse meio ele sempre foi tratado como o diretor da DUCOCO e da DICOCO. Um empresário amigo e incentivador da boa e sofisticada música. Além disso, vi no Mario um entusiasta pela culinária sofisticada e de alto padrão, postando todos os pratos sofisticados que adorava fazer e saborear acompanhados de um bom vinho ou aquela cervejinha gelada, que era sua marca registrada. Tecnologia + cozinha gourmet + música + cerveja + vinhos era a receita de vida do Mario vital. E tudo isso regado a muita alegria, família e amigos. Que bela receita de vida!!!”

Enfim, o Mario Vital foi um ator chave no desenvolvimento deste setor e contribuiu para que a cocoicultura alcançasse o estado de importância socioeconômica no nosso país. Perde-se uma figura marcante em todos os aspectos. Um grande engenheiro, um estudioso do assunto, um empresário de visão além das fronteiras da cocoicultura, um articulador… para muitos, um AMIGO.

Para Reinaldo Ribeiro, presidente da APROCOCO, foi uma perda prematura, pois Mário Vital certamente seria um ator importante no processo de desenvolvimento de uma água de coco premium, projeto este idealizado pela APROCOCO BRASIL e que será executado pela EMBRAPA e que certamente contará com o apoio do MAPA na implementação das instruções normativas afins. Uma água de coco brasileira, produzida exclusivamente no Brasil, e que desejamos exportar para o mundo todo.

Que siga em paz, nos iluminando de alguma forma para podermos prosseguir avançando, tendo na sua pessoa um exemplo de dedicação a uma profissão e um empreendedor admirável. MUITO OBRIGADO POR TUDO MÁRIO VITAL! SIGA EM PAZ.

Fonte: Redação da APROCOCO.