Após amargar prejuízos com a elevação generalizada dos preços de insumos utilizados na produção de coco em 2021, produtores de várias regiões já negociam fornecimento de coco verde para o mercado de mesa ao preço médio de R$/unidade 1,40. Esta semana (24-28 de janeiro), em algumas regiões do sul da Bahia e Espírito Santo, negócios foram fechados a R$/unidade 2,00 carregado na fazenda.
Esta recuperação se dá em função do aumento da demanda neste período devido às altas ondas de calor nas regiões sul e sudeste combinado com a baixa oferta, motivada pela redução na produção nas principais regiões produtoras. Muitos produtores reduziram os custos com os tratos culturais, devido a elevação dos preços dos fertilizantes e da energia elétrica usada para a irrigação dos pomares. O reflexo tem sido uma redução na produção.
A APROCOCO BRASIL tem alertado aos produtores sobre a necessidade de um melhor posicionamento durante as negociações. O custo de produção agora está em um outro patamar, bem mais elevado, e que o cálculo de preço de venda não deve ser baseado apenas na composição dos custos fixos e variáveis. Precisam olhar com cuidado a inserção de itens relacionados ao custo de renovação de equipamentos, tais como, tratores e implementos agrícolas e mesmo dos coqueirais.
Com base nestes fatores a APROCOCO BRASIL tem indicado preços de referência para comercialização. Para o coco verde o preço de venda de referência é de R$/unidade 1,50 (volume de água entre 350 e 500 ml). No caso de indústria, está sendo indicado um preço médio de R$/litro 2,25 FOB. Para o coco seco, o preço de referência é de R$/kg 3,00 (fruto com peso médio de 600 gramas). Para o coco seco, os negócios ainda continuam muito ruins com preço médio pago pelo mercado de R$/kg 1,70 a R$/kg 2,00. Estes preços referem-se a entrega na fazenda, não incluindo aí o transporte até o destino. Preços abaixo destes valores levam ao produtor a operar com baixa rentabilidade e a depender da produtividade da propriedade com prejuízo.
Devido ao baixo nível de organização associativa, o produtor aceita preços muito baixos ofertados pelas indústrias e atravessadores que definitivamente não remuneram a atividade. O resultado disto é o abandono sistemático da atividade. Entre 2012 e 2019, o Brasil já perdeu cerca de 69,3 mil hectares de pomares de coco, de acordo a números apontados pelo IBGE.
Aliás, é interessante que compradores (CEASAS e INDUSTRIA) estejam atentos que possivelmente estão matando a “galinha dos ovos de ouro” em sua busca insana por altos lucros. A mensagem da APROCOCO é a seguinte: em apenas 6 anos o Brasil perdeu 69,3 mil hectares de pomares. Temos agora somente 188 mil hectares. Deveriam pensar seriamente em como manter toda a cadeia produtiva prosperando, mantendo um diálogo constante com os produotes para lidar com as dinâmicas de mercado. Produzir coco não é fácil. Viabilizar 01 hectare coco hoje tem um custo aproximado de R$ 80 mil reais em cinco anos, lembrando que não existe financiamento com carência de 5 anos, sendo esta uma dívida que os governantes têm para com o setor, a adequação do prazo de carência. Deveriam analisar que os mercados internos e externo estão com demanda crescente. Hoje deveríamos estar ampliando plantios e não derrubando. Uma alternativa ao abandono ou troca de cultura, caso não haja uma mudança de mentalidade por parte dos CEASAS e INDÚSTRIAS, é a possibilidade dos produtores se organizarem, verticalizando o negócio, montando suas próprias indústrias e deixem de fornecer para as atuais players que dominam o setor e que não possuem um só hectare plantado, pois, os produtos derivados do coco vendem e possuem preços atrativos. Há ainda a possibilidade de que futuramente tenham seus próprios entrepostos de comercialização nos grandes centros, eliminando em definitivo os CEASAS.
Voltando para questão da comercialização, o produtor precisa observar o chamado “spread na venda”. Exemplo. Um coco é adquirido na fazenda a R$/unidade 0,60 e é vendido num supermercado a R$ 3,00. Num restaurante o valor de um copo de 300 ml (quantidade de água em fruto) é vendido a R$ 8,00, podendo chegar a R$ 14,00 em restaurantes mais chiques. O consumidor final paga este valor, mostrando que a água de coco é um produto nobre, de alta qualidade nutricional. Contudo, os lucros ficam no meio e na ponta de venda. São prejudicados aí o produtor e em parte o consumidor. A mensagem ao produtor aqui é a seguinte. Repetindo o que foi dito acima, produtos derivados de coco possuem mercado demandante e são bem pagos pelo consumidor. É um bom negócio. Vender para atravessador e indústria é que tem sido um péssimo negócio.
Os compradores são mestres na arte da desinformação e do blefe no momento da compra. Isto é normal e é legal. Cabe aos produtores estarem atentos às dinâmicas do mercado buscando informações em suas redes. Os posts da APROCOCO sobre preços de referência em seu INSTRAGRAM e SITE podem e devem ser usados como balizadores para negociação.
Bons negócios!!!!
Fonte: ASCOM Aprococo Brasil